Região - Rio dos Sinos segue com pouca oxigenação e nível baixo
Segunda, 05 de Dezembro de 2011
Na terça-feira, situação será apresentada ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
Poluição: peixes lutam pela vida no rio que ontem voltou a baixar
Depois do nível do Rio dos Sinos manter-se estável , com 1,2 metro, no sábado, ontem o nível do rio somado a baixa oxigenação voltaram a gerar preocupação para autoridades. À tarde, a régua do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae) marcava 1,10 metro, ou seja, 10 centímetros a menos que no dia anterior, quando manteve-se estável durante todo o dia em 1,2 metro. Sem a barreira de contenção, construída na sexta-feira, as marcas poderiam chegar a 80 e 90 centímetros, segundo o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles. “A barragem segura de 15 a 25 centímetros o nível do rio’’, confirma ele. Para Dorneles, se o nível do Sinos seguir baixando a situação deve ser considerada preocupante. “Essa queda pode ter relação com os arrozeiros. O que preocupa é que o nível está baixo mesmo com a barreira e não existe a previsão de chuva suficiente’’, afirma o diretor executivo, que acredita ser difícil fazer uma avaliação segura do quanto a barreira realmente vai interferir no nível do rio. “Nos próximos dias poderemos fazer uma avaliação mais segura’’, ressalta.
Recursos para saneamento
O governador Tarso Genro anuncia hoje, às 15 horas, em Santa Maria, investimentos de R$ 42 milhões para melhorias nos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em diversas cidades gaúchas. Durante a cerimônia, será anunciado o valor de R$ 21 milhões, recursos do Orçamento Geral da União, para a elaboração de projetos de saneamento em cidades do Rio Grande do Sul, entre elas Sapucaia do Sul, Esteio, Portão, Capela de Santana, Araricá, Campo Bom, Sapiranga, Estância Velha, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz e Parobé.
Previsão do tempo não é animadora
Conforme previsão da MetSul Meteorologia, a chuva deve chegar na região na quarta-feira. Apesar disso, o volume não será significativo para modificar a situação do Rio dos Sinos. Hoje a semana começa com tempo seco e abafado e será mais um dia quente na região. As mínimas variam entre 16 e 18 graus e as máximas vão atingir entre 31 e 33 graus. Amanhã as condições não mudam muito e mais uma vez o sol aparece com nuvens na região, com calor à tarde e vento Leste. As mínimas devem marcar entre 17 e 19 graus e as máximas voltam a atingir entre 31 e 33 graus. Na quarta, a massa de ar quente fica mais umida, o que favorece o aumento da nebulosidade, por isso há chance de pancadas esparsas de chuva na segunda metade do dia. A temperatura fica mais elevada na madrugada, com mínimas entre 19 e 21 graus. No entanto, as máximas diminuem e oscilam entre 29 e 31 graus.
Situação será apresentada ao Estado
Amanhã, às 14 horas, representantes do Pró-Sinos vão se reunir na sala do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, na Secretaria de Meio Ambiente, para apresentar a situação atual do Sinos, que ontem estava com apenas 1 mg/L de oxigênio dissolvido em água e 120 de condutividade, unidade que mede a quantidade de poluição na água. “Nossa ideia é aprovar uma resolução que indique que a régua seja o último critério utilizado para que os arrozeiros desliguem as bombas. O primeiro deveria ser o nível de oxigênio’’, destaca o diretor-executivo do Pró-Sinos. No dia 10 de novembro o Comitesinos e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) fizeram um acordo no qual está especificado em que nível os arrozeiros devem desligar as bombas e quando pode-se religá-las. Em São Leopoldo, a régua deve estar marcando 70 centímetros. Segundo o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), Silvio Klein, a marca foi escolhida pelo histórico do rio em outras estiagens. “Levamos em consideração experiências anteriores que nos mostraram que nesses níveis a captação de água para abastecimento da população fica comprometida’’, contou ele, que disse que apenas a vazão do rio foi critério para este acordo, ou seja, o oxigênio e a condutividade não são avaliados, como gostaria o Pró-Sinos.
Expedição pelo rio mostra bando de aves
De acordo com o presidente do Instituto Martim Pescador e vereador Henrique Prieto em uma expedição feita no sábado pelas águas do Sinos, a grande quantidade de pássaros em bandos reunidos nas copas das árvores chamou a atenção. “São os pássaros buscando alimentos nos peixes mortos’’, disse Prieto. O presidente do Instituto Martim Pescador, no entanto, diz que durante a expedição foi possível observar menos peixes mortos que nos últimos dias. O diretor executivo do Pró-Sinos afirma que novos peixes mortos não são encontrados no rio desde a última quinta-feira à noite. “O efeito da carga química que desconfiávamos descer do Arroio Pampa parece ter passado. Os peixes que vemos às margens e que os pássaros certamente estão buscando são os que já estão em decomposição’’, explica Dorneles, lembrando que os dados, porém, devem ser conferidos hoje pelo Pró-Sinos.
Economia de água
Por enquanto, a medida da Comusa – Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo de racionar água das 22 às 4 horas, de segunda a sexta, em um dos cinco setores em que a cidade foi dividida, é para conscientizar sobre a importância de poupar água, e não para punir. Para reforçar o aviso, nesta semana a Comusa organizará um mutirão para entregar informativos sobre as condições do Rio dos Sinos e dicas de economia de água. Os funcionários que fazem a leitura da água nas casas também irão distribuir o material. A data da ação ainda não está definida. Medidas punitivas poderão ser adotadas, caso aumente o gasto de água. Em Novo Hamburgo, ontem, por volta das 16 horas, o nível do Rio dos Sinos era de 2,31 metros, conforme medição feita na base de captação da Comusa, nível igual ao registrado no sábado.
Aeradores para elevar o nível de oxigenação
Dois aeradores estão contribuindo para a qualidade da água do Sinos captada pelas bombas do Semae. Um deles está instalado em frente às bombas de captação e o outro próximo à ponte 25 de Julho, em frente à Secretaria do Meio Ambiente de São Leopoldo. “Temos cinco aeradores disponíveis, mas a instalação do terceiro depende de um gerador, por conta da energia, e a locação é muito cara. Caso seja imprescindível a instalação, tentaremos entrar com iniciativa privada’’, explica Julio. Segundo ele, os aeradores melhoram o nível de oxigenação da água somente no entorno onde estão fixados.
Fonte: Jornal VS