Região - Militares gaúchos treinam para participar de operação no Rio

Sexta, 06 de Janeiro de 2011

Exercícios servem de preparação para missão de pacificação nos complexos.

Foto: Roberto Vinicius/GES

Atividades começaram terça às 7 horas e mobilizam cerca de 260 militares

- Cerca de 800 militares gaúchos participam até as 17 horas de hoje de exercícios de adestramento em algumas ruas de São Leopoldo e Sapucaia do Sul, como parte do treinamento das tropas que participarão da Operação Arcanjo 6, que tem como missão garantir a lei e a ordem nos Morros do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. As atividades começaram ontem às 7 horas e mobilizam cerca de 260 militares do 19.º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMtz) de São Leopoldo e 150 do 18.º BIMtz de Sapucaia do Sul, além de representantes de Porto Alegre, São Gabriel, Bagé, Pelotas, Jaguarão, Rio Grande, Santana do Livramento e Bento Gonçalves. As atividades ocorrem em diversos pontos de ambos os municípios, sempre com o cuidado de não causar transtornos à população. As unidades integram a 6.ª Divisão de Exército, subordinada ao Comando Militar do Sul. Os militares, que pela primeira vez na história do Exército gaúcho irão garantir a lei e a ordem em outro estado brasileiro, estão divididos entre quatro companhias de infantaria e um esquadrão de cavalaria mecanizada. A partida deve ocorrer entre os dias 14 e 16 de janeiro, com retorno previsto para 27 de março.

Simulações pelas ruas

Comandante do esquadrão, o capitão Leonardo Morrudo Babot, do 3º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Bagé (RCMec), explica as situações treinadas. “Promovemos patrulha ostensiva, posto de bloqueio, controle de vias urbanas, check point, controle de distúrbio, operação de busca e apreensão, escolta, desbloqueio de vias urbanas e outras situações. É importante mencionar que não estamos abordando a população, apenas o nosso próprio pessoal que faz figuração, identificado com uma tarja vermelha”, afirma o capitão, que comandou os exercícios na Rua Mariano do Canto, no bairro Jardim em Sapucaia do Sul. O major Tiago Kanomata de Mesquita, relações públicas do 19º BMITz de São Leopoldo, salienta que o treinamento busca simular possíveis situações que os militares podem enfrentar nas favelas cariocas. “São exercícios de adestramento para simular situações que porventura possam ocorrer, de acordo com relatos que temos do Rio de Janeiro.”

Missão nos Morros

A ocupação dos complexos do Alemão e da Penha começou em novembro de 2010. Inicialmente, a permanência dos militares seria até outubro de 2011, mas o convênio entre o governo do Rio de Janeiro e o Ministério da Defesa foi renovado para até junho deste ano. No final desse prazo, as regiões serão ocupadas pela Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro. “A maior dificuldade é o trato com a população carioca, que é completamente diferente daqui, com outros costumes e gírias”, afirma o capitão Babot ao informar que a missão é reduzir o tráfico de drogas nessas regiões.

Quem comandará os militares de Sapucaia e São Leopoldo, será o tenente-coronel, Carlos Eduardo Pezzi, comandante do 19.º BIMtz de São Leopoldo, que será responsável pela força-tarefa intitulada Voluntários da Pátria. A tropa gaúcha substituirá militares de Juiz de Fora e São João del Rei de Minas Gerais. “Assim como as demais tropas brasileiras que estiveram nos morros, teremos a missão de garantir a lei e a ordem evitando que retorne a tensão constante que havia no local devido ao tráfico de drogas.”

O capitão Babot afirma que 70% dos homens sob seu comando participaram da missão de paz do Exército Brasileiro no Haiti. Um deles é o sargento Jonatas André Nascimento, do 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC Mec) de Jaguarão, que ficou seis meses no país caribenho. “No lado profissional, o treinamento é o mesmo, exceto que é realizado em menos tempo. No Rio de Janeiro há uma dificuldade maior quanto à violência, mas no Haiti é uma cultura muito diferente, onde tivemos inclusive de estudar o idioma local, enfrentando um choque cultural”, comenta.

Fonte: Jornal VS